quarta-feira, 23 de outubro de 2013

CAUDA ENTRE OS MEMBROS TRASEIROS

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Em post-scriptum,  no fim da sua crónica no "Expresso", Miguel Sousa Tavares escreve o seguinte:

2013 foi um ano enviado pelos deuses: sete meses de chuva abundante quando necessária, seguidos de quatro meses de sol radioso no Verão. Uma bênção para um país cuja dependência energética do petróleo é quase total? Não: uma razão para aumentar em mais do dobro da inflação as tarifas eléctricas para o ano que vem, pois que as centrais da EDP facturaram menos com tanta chuva e tanto sol. Ah, mas há outra razão também invocada: com a crise, e como devia pretender-se, o consumo de energia desce—logo, “o mercado” exige uma “correcção”. Lógico: quanto menos procura, mais altos têm de ser os preços, como ensinam hoje nos MBA das mais prestigiadas Universidades.
Outro mistério, seguramente explicável, é essa história do “défice tarifário”: como é que num país que tem um dos mais altos custos de energia do mundo desenvolvido, ao ponto de a própria troika se escandalizar, estamos permanentemente em défice e em dívida para com as eléctricas?
Ah, sejam bem-vindos ao mercado de serviços públicos essenciais, “liberalizado” e privatizado pelo Estado!

Não há volta a dar. As coisas são mesmo assim: protecção escandalosa do Estado a empresas, à custa do consumidor. São os amigos? Passos Coelho disse hoje no Parlamento, respondendo a Jerónimo de Sousa, que não tem amigos, o que lhe valeu o aparte oportuno e com humor do líder comunista de que "Não admira". Passos Coelho talvez não tenha, de facto, amigos. Mas tem medo, coisa ainda pior. A bazófia abunda mas, quando é preciso ser firme com os fortes, o rabo foge para entre as pernas. Tal e qual!

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