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"Ao tempo que Vasco da Gama chegou a esta cidade de Calecute (…) mandou a terra o piloto mouro (…) participando a El-Rei a sua chegada e (…) pedindo-lhe que lhe mandasse dizer quando o podia receber (…)
Havida esta licença (…) entraram todos numa grande casa térrea em que estava aquele grande Samorim da província de Malabar (…) o qual estava em uma sala grande. O chão desta sala era todo coberto de veludo verde e as paredes armadas de panos de seda e ouro (…) El-Rei estava num leito coberto de um pano de seda branca e ouro, bem lavrado. Era homem de meia idade, baço, alto de corpo e de bom parecer e vestido com um pano lustroso de algodão com rosas de ouro na cabeça, uma carapuça de brocado alta cheia de pérolas e pedrarias. Tinha penduradas nas orelhas arrecadas e nos dedos dos pés e mãos muitos anéis (…) tudo de pérolas e pedraria de muito valor. Vasco da Gama nestas palavras resumiu o que lhe era mandado; que (…) a causa principal que movera El-Rei seu senhor a enviá-lo àquelas partes orientais (…) fora ser muito celebrada a fama da sua real pessoa (…) e estarem em seu poder a maior parte das especiarias que, por mão dos mouros se navegavam para todas as partes da cristandade, e por que ele tinha descoberto novo caminho para entre eles haver amizade e comércio."
João de Barros in" Décadas da Ásia"
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