quinta-feira, 5 de maio de 2011

O FMI É PORREIRO, PÁ

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Porreiro, pá! Afinal, o FMI não é tão mau como o pintam. Até se absteve de dizer que ando há seis anos a fazer jericadas! E que sou um asno. E a negociação? Foi um êxito do governo, pá! Ninguém pára este governo. Não há pai para tanta esperteza. Os tipos do FMI nem se aperceberam das coisas que estavam escondidas nas catacumbas do ministério do Teixeira. São uns anjolas, pá. Chego bem para eles – sou capaz de lhes vender um burro coxo, um macho cego, ou um porco com gripe suína e ainda um lote de vacinas para a swine flu. Em boa verdade, a minha especialidade não é bem vender: é mais comprar. Mas também vendo. E a estes artolas até é fácil. Enganam-se mais depressa que os eleitores, pá. Alguns eleitores – sacanas! - começam a torcer o nariz, mas eu enrolo-os. Eu e o Pereira, mais o Luís. Quem é o Luís?!!!... Essa agora!... É o que estuda os meus ângulos fotogénicos. Com os ângulos do Luís tenho-me safado muito bem. Claro que há aquela rapaziada que se mexe nas redacções dos jornais e a quem pago bem, mas o Luís é fundamental. Não há gravata nova, daquelas que compro no Bijan de Beverly Hills, de que ele não tire partido. O Luís, pá, foi uma bênção. E, é claro, o Pereira também: deve ser o maior sacana da Península Ibérica, mas foi uma bênção para mim. O Teixeira?... Bom..., o Teixeira desiludiu-me um bocado. Quando chegámos àquela coisa dos 7%, começou a descarrilar mas eu apertei-o e ele deu de si. Depois veio a cambada dos banqueiros, pá, que me deviam lamber o rabo, e ameaçaram-no. E o Teixeira borrou-se. Não tem estaleca o Teixeira. Isto é só para quem tem estaleca e ele não tem, pá. Estava preocupado com o default, vê lá!... É claro que se isso acontecesse, eu descarregava para cima dele. Dele e da oposição, pá. Mas ele não sabia e não devia ter chamado o FMI. Deve ter desconfiado que eu o podia enterrar e chamou o FMI. Não lhe admito nem não lhe perdoo ter desconfiado de mim, pá. Eu sou o Primeiro-Ministro de Portugal, não cheguei aqui pela escada de serviço, e sou considerado pelos colegas da União Europeia que me tratam como igual. O  Marquês de Pombal, o Salazar e eu somos os primeiros-ministros mais importantes que Portugal teve, pá.
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