Realmente o nosso mal sobretudo nos amarga quando contemplamos ou imaginamos o bem do nosso vizinho—porque nos sentimos escolhidos e destacados para a infelicidade, podendo, como ele, ter nascido para a fortuna. Quem se queixaria de ser coxo—se toda a humanidade coxeasse? E quais não seriam os urros, e a furiosa revolta do homem envolto na neve e friagem e borrasca de um Inverno especial, organizado nos céus para o envolver a ele unicamente—enquanto em redor toda a humanidade se movesse na benignidade de uma Primavera?
Eça de
Queirós in "A Cidade e as Serras"
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