Uma das matérias inquietantes da Filosofia diz respeito à
natureza da realidade, isto é, não sabemos o que é a realidade ou, pelo menos, não temos a certeza.
Na verdade, ela pode ter muito pouco a ver com o que observamos; eventualmente
nada—coisa preocupante. E é tal porque estamos condenados a viver com conceitos
assumidamente provisórios e talvez errados. Com raciocínios simples chegamos a
essa conclusão.
Imaginemos que tínhamos sido gerados em zona subterrânea
do planeta, sem qualquer possibilidade de acesso à superfície—à luz do Sol, ao
vento, aos oceanos, ao espaço celeste, às estrelas, ao luar e por aí fora. A
nossa concepção da realidade era diferente, como se compreende com exemplo tão
primário. E imaginemos que tudo tinha sido como foi, embora tivéssemos adquirido
só o sentido do tacto. A "imagem" do mundo estava reduzida à
experiência táctil—coisas como cor, música, perfume e doce, por exemplo, eram
incompreensíveis.
Chegados toscamente a este ponto, a pergunta é: quantos
sentidos nos faltam para apreendermos a realidade? Um, dez, trinta e quatro, quarenta
e seis, ou nenhum? Não sabemos. Por isso admitimos teoricamente mais do que
três dimensões, ou a vida post mortem, sem sabermos do que falamos e se existem. São
coisa para nós como a noção de espaço celeste seria para o habitante do
subterrâneo terrestre atrás hipoteticamente
referido, ou o azul e o vermelho para o ser só com tacto.
Em suma, temos de aceitar que há a realidade que a
experiência nos revela, com a qual temos de nos governar, e a "outra
realidade", desconhecida e matéria de especulação filosófica, religiosa, teórico-física,
supersticiosa, astrológica, espírita,
blá, blá, blá. Chato!
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