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O literalmente
impagável António Borges, que defendeu o aumento da TSU para os
trabalhadores e a redução urgente de salários, falou ontem na Pastoral Social
para nos dar a inédita e inesperada informação que a distribuição dos sacrifícios pedidos aos portugueses não tem sido
equitativa. Fica-se de boca aberta com o génio e como conseguiu ele
chegar a tão oculta verdade. Borges é professor de Economia—condição
que gosta de recordar não vá alguém omitir a competência—mas, mesmo assim, é
difícil perceber como lobrigou o facto. Isto é, eu e provavelmente os
leitores não sabemos se é verdade, mas dita pelo Borges, é-o seguramente porque
ele é professor.
Mas o oráculo disse mais. Segundo ele—oráculo—"houve quem beneficiasse muito com esta política—e
não foram os mais pobres—e houve também
quem ficasse prejudicado em termos relativos e quem acabasse por ver a sua situação
piorar ao longo do tempo". Estão a ver? É de cair de cu com tanta argúcia!
Borges não é um teórico. Borges é um académico com as
mãos literalmente metidas na "massa". Daí decorre a importância da
sua opinião. Por isso, paremos para reflectir e, caso se verifique a correcção
do raciocínio, acabemos com essa ideia que prolifera por aí de que a crise só
tem prejudicado os ricos e beneficiado os pobres.
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