terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

PORQUÊ ?

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Consciência é um conceito dúbio porque mal caracterizado, ou usado com acepções várias. Muitas vezes utilizado para referir a avaliação ética ou moral do comportamento, serve também para nomear o estado do sistema nervoso central que permite pensar, observar e interagir com o mundo exterior—muito usado na Medicina—e também o conhecimento que se tem da própria existência e a noção do que se passa à nossa volta, através da interpretação das informações transmitidas pelos sentidos. Não fica aqui todo o espectro de conceitos que a palavra engloba, mas estes chegam.
Habitualmente, falo em consciência neste blog como sinónimo de actividade psíquica e estou tranquilo porque em companhia de muita e ilustre gente. Sendo assim, não tem discussão que o Homo sapiens é a espécie animal com mais consciência—isto admitindo que os outros animais têm consciência, coisa mais que polémica, sobretudo porque tal admissão implica definir o limite do que é consciência e isso não está feito. Há no reino animal algumas capacidades rudimentares que integram a consciência humana, mas fica por clarificar se isso representa consciência de facto.
O que não se discute hoje é que a consciência do homem, e a putativa consciência dos animais, é fruto da actividade cerebral, ou seja, é uma secreção encefálica. E, tal como outras funções, cessa com o fim do órgão—a visão com o fim dos olhos, a audição com o fim dos ouvidos, a oxigenação do sangue com o fim dos pulmões. Conhecemos estados clínicos de vida sem consciência, em resultado de condições mórbidas do cérebro, e isso basta para demonstrar o que digo.
Quando o homem morre, todas as funções dos seus órgãos acabam. Assim, a vida post mortem não pode ser um retalho sobrevivente da vida ante mortem. O que é então? Não se pode explicar porque ninguém sabe. É o grande mistério da vida, e da morte neste caso preciso.
O conhecimento da realidade é restrito por força da limitação dos nossos sentidos e nossa consciência. Não entendemos mais do que três dimensões, embora admitamos a existência de mais; não sabemos o que são a matéria e a energia negra, apesar delas se insinuarem no cálculo dos astrofísicos; atrapalhamo-nos com o ante-Big-Bang e por aí fora.
Há explicação para a vida post mortem? Talvez seja uma das dimensões que não conhecemos, o equivalente à matéria negra, ou ao ante-Big-Bang. Talvez. Mas porquê o mistério? Não se entende, se o mistério existe.
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