Habitualmente, falo em consciência neste blog como sinónimo de actividade psíquica e estou tranquilo porque em companhia de muita e ilustre gente. Sendo assim, não tem discussão que o Homo sapiens é a espécie animal com mais consciência—isto admitindo que os outros animais têm consciência, coisa mais que polémica, sobretudo porque tal admissão implica definir o limite do que é consciência e isso não está feito. Há no reino animal algumas capacidades rudimentares que integram a consciência humana, mas fica por clarificar se isso representa consciência de facto.
O que não se discute hoje é que a consciência do homem, e
a putativa consciência dos animais, é fruto da actividade cerebral, ou seja, é
uma secreção encefálica. E, tal como outras funções, cessa com o fim do órgão—a
visão com o fim dos olhos, a audição com o fim dos ouvidos, a oxigenação do
sangue com o fim dos pulmões. Conhecemos estados clínicos de vida sem
consciência, em resultado de condições mórbidas do cérebro, e isso basta para
demonstrar o que digo.
Quando o homem morre, todas as funções dos seus órgãos
acabam. Assim, a vida post mortem não pode ser um retalho sobrevivente da vida
ante mortem. O que é então? Não se pode explicar porque ninguém sabe. É o
grande mistério da vida, e da morte neste caso preciso.
O conhecimento da realidade é restrito por força da
limitação dos nossos sentidos e nossa consciência. Não entendemos mais do que
três dimensões, embora admitamos a existência de mais; não sabemos o que são a
matéria e a energia negra, apesar delas se insinuarem no cálculo dos
astrofísicos; atrapalhamo-nos com o ante-Big-Bang e por aí fora.
Há explicação para a vida post mortem? Talvez seja uma
das dimensões que não conhecemos, o
equivalente à matéria negra, ou ao ante-Big-Bang. Talvez. Mas porquê o mistério?
Não se entende, se o mistério existe.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário