O Ministro da Defesa quer cortar 8 mil no total,
provavelmente bem. Tal propósito desencadeia reacções corporativas que raiam o
inaceitável, com fundamento em argumentos conceptualmente muito elaborados, mas
fora da realidade que a Pátria vive. Os militares têm de perceber que, quando a
Pátria não tem cão, caça com gato—é chato, mas é assim. Muitas outras coisas
deviam estar melhor, eventualmente mais importantes, como a saúde e a educação,
e não estão porque não há pilim. Pim!...
Além disso, por definição, em regime democrático, militar
não pia. Também é chato, mas é assim. Quando militar abraçou a carreira, sabia
disso. Militar é pago uma vida inteira para combater um único dia, se necessário,
e deve viver a preparar-se o melhor que sabe para essa eventualidade com os
recursos que lhe podem dar. Expõe a quem de direito e com compostura as suas
mágoas, espera justiça e prepara-se para a guerra que pode vir, com
tranquilidade e disciplina.
Vasco Lourenço, tenente-coronel na reserva ou reformado, diz
publicamente que os militares não aceitam ser tratados como ralé. Vasco
Lourenço tem de nos esclarecer se ainda é militar, ou já deixou de o ser. Se é,
cala a boca pelas razões acima explanadas. Se simples pensionista da Caixa
Geral de Aposentações, não fala em nome dos militares.
Lima Coelho, inefável figura de sargento, presidente da
Associação de Sargentos, instituição com actividade inaceitável por tentativa
de usurpação do papel normal da hierarquia, é militar e não pode tomar as
atitudes que toma. No dia 20 deste mês, segundo ameaçou, vai entregar um
"ultimato" da Associação ao Primeiro-Ministro, acrescentando: "Isto
pode ser o princípio do fim do mandato do senhor Primeiro-Ministro". Deplorável!
Tropa assim não é tropa. Por
este caminho deve ser tratada como ralé.
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