Falava há dias da "tragédia dos comuns" e da metáfora
"Terra Salva-Vidas", de Garrett Hardin, relacionada—entre outras
coisas—com os movimentos migratórios e a impossibilidade da Europa ter portas
abertas à imigração. Haverá algum excesso de zelo no controlo da entrada no Velho
Continente, mas a verdade é que este não tem capacidade para acolher a África
em peso, sob pena de naufragar. Como dizia Hardin, seria a justiça completa e o
desastre total, igual ao da metáfora.
Volto a isto porque João Pereira Coutinho escreve hoje sobre
a matéria, muito a propósito, depois de
mais um desastre horrível no Mediterrâneo relacionado com a imigração ilegal, e
diz coisas sensatas quanto a mim. Refere a recepção agressiva e com insultos a
Durão Barroso, quando este visitou Lampedusa, em representação da União
Europeia, para homenagear as vítimas. E pergunta se a culpa é só da Europa e
das suas restrições aos emigrantes. Ou se quem começa a matá-los não são os governos
corruptos que, pela fome ou pela catana, os enfiam em barcos medonhos. E também
porque tanta gente arrisca a vida daquela maneira para chegar à Europa.
Na realidade, o Dr. Durão Barroso está mais à mão e é
mais cómodo e expedito chamar-lhe assassino. Mas aos governantes dos países
donde vêm aqueles infelizes e aos responsáveis por esses governantes serem os
que são, quem é que lhes chama assassinos. Ninguém! Além de ser politicamente
incorrecto, esses assassinos estão um bocado fora de mão.
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