O Bloco de Esquerda, dizem os jornais, sofreu uma hecatombe nas eleições autárquicas de Domingo, o que não é verdade. O Bloco não tem dimensão para tal. À queda do Mosteiro dos Jerónimos pode chamar-se hecatombe; à queda de uma barraca na Praia de Caparica não. O bloco é um clube de bairro com uma claque aguerrida, mas não vai além disso. Quem leva a sério João Semedo, ou Catarina Martins, por mais estimáveis que sejam tais personalidades?
A falta de noção deste facto fica expressa na afirmação
de Marisa Matias, dirigente e eurodeputada da agremiação, sobre os resultados
eleitorais. Diz a senhora: "Há qualquer coisa que não está a correr bem,
porque há uma grande aceitação do Bloco nas ruas que não se traduziu em votos".
A rua é uma coisa, a governação é outra, minha senhora.
Que percentagem de portugueses arriscaria entregar o País ao Bloco de Esquerda?
A resposta está dada nos resultados eleitorais até agora, sendo que o Bloco tem
sido beneficiado pelo facto de muitos dos seus votantes o serem exactamente por
estarem conscientes de que nunca será poder. O Bloco é uma voz de oposição,
porventura útil no Parlamento e na rua, mas é para o que serve. Por isso os
votos que tem não correspondem à aceitação nas ruas. Espero ter-me feito entender.
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