Pensão de sobrevivência, em português escorreito, significa
renda paga para alguém sobreviver. Não vivemos em sítio onde seja hábito os
poderes públicos pagarem ao povão rendas supérfluas. Mas em tal sítio paga-se—até
ver—a dita pensão. Assim, há quem sobreviva com ela. Deixar de a pagar é acabar
com a sobrevivência desses.
A medida tem várias virtudes. Desde logo, liberta precioso espaço vital. Depois, reduz o consumo de bens do planeta, um dos
problemas que já atormentava as noites de Malthus. Em terceiro lugar,
refresca a população e apura a raça, ao eliminar a concorrência dos menos
aptos, como explicou Darwin. Finalmente, a medida tem função estética estimável,
ao retirar do cenário urbano e rural figuras envelhecidas e pouco agradáveis à
vista, que prejudicam o turismo, uma das fontes de riqueza da Pátria.
Apoiemos então o executivo nesta inspirada decisão que é
também uma cruzada. Dizem que trará poupança na ordem de 100 milhões, mas
isso não é o que interessa—a avaliar pelo que se vê, milhões há muitos, como os
chapéus. Cabeças iluminadas é que escasseiam.
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