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Colbert foi ministro de Estado e da economia do rei Luís XIV. Mazarino era cardeal e estadista italiano que serviu como Primeiro-Ministro na França. No ano de mil seiscentos e qualquer coisa, tiveram um diálogo milhares de vezes citado e que julgo já ter transcrito neste blog. Mas hoje recebi do amigo António Pedro Fonseca esse diálogo e, tendo em conta a conjuntura portuguesa actual, torna-se cada vez mais oportuno. Por isso decidi transcrevê-lo outra vez.
Colbert: Para encontrar dinheiro, há um momento em que enganar [o contribuinte] já não é possível. Eu gostaria, Senhor Superintendente, que me explicasse como se pode continuar a gastar quando já se está endividado até ao pescoço…
Mazarino: Se é um simples mortal, claro está, quando está coberto de dívidas, vai parar à prisão. Mas o Estado… o Estado, esse, é diferente!!! Não se pode mandar o Estado para a prisão. Então, ele continua a endividar-se… Todos os Estados o fazem!
Colbert: Ah sim? O Senhor acha isso mesmo ? Contudo, precisamos de dinheiro. E como é que havemos de o obter se já criámos todos os impostos imagináveis?
Mazarino: Criam-se outros.
Colbert: Mas já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres.
Mazarino: Sim, é impossível.
Colbert: E então os ricos?
Mazarino: Os ricos também não. Eles não gastariam mais. Um rico que gasta faz viver centenas de pobres.
Colbert: Então como havemos de fazer?
Mazarino: Colbert! Tu pensas como um queijo, como um penico de um doente! Há uma quantidade enorme de gente entre os ricos e os pobres: os que trabalham sonhando em vir a enriquecer e temendo ficarem pobres. É a esses que devemos lançar mais impostos, cada vez mais, sempre mais! Esses, quanto mais lhes tirarmos mais eles trabalharão para compensarem o que lhes tirámos. É um reservatório inesgotável.
A História repete-se.
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