segunda-feira, 26 de maio de 2014

AS ALFORRECAS

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No rescaldo do festival abstencionista de ontem, em que, em cada 100 eleitores inscritos, 8 votaram no PS e 7 na coligação PSD/CDS, é difícil suster a gargalhada quando se ouvem representantes dessas instituições menores a comentar os resultados. Desde a "derrota histórica da direita portuguesa" de Francisco Assis, inchado de satisfação e comida em demasia, até Pires de Lima—ao tranquilizar-nos, afirmando que "o Governo tem condições para ganhar as legislativas"—e Aguiar Branco segundo quem "os resultados permitem encarar com confiança o caminho trilhado", é um fartar de asnear. Quando terão os políticos o senso comum bastante para não falar aos cidadãos como se estes fossem atrasados mentais?
Depois da banhada de ontem, de que eventualmente terão sido excepção o PCP e Marinho e Pinto, mandava o pudor ficar calado, coisa que até Hollande percebeu. Mas, como já ontem referi, estes janotas não estão no serviço público porque estão ao serviço deles próprios. É ali que ganham a vida, ou é ali que criam as condições para a ganhar confortavelmente noutros misteres. Não lhes interessa passarem por vendedores de banha de cobra, desde que isso renda na carreira partidária. E também não têm vergonha ao ver claramente que 74% de abstenção e votos nulos e brancos é um escarro que o eleitorado lhes lança em cima, para não falar dos que votam ironicamente em partidos como o PTP de José Manuel Coelho, como eu fiz.
O problema é não bastar substituir esta classe política porque atrás dela vem outra que rapidamente sofre as mesmas mutações, de faríngula a vertebrado primeiro, seguindo-se a fase invertebrada da alforreca, capaz de cantar vitórias eleitorais em noites de farroncada ridícula. Uma lástima!
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