terça-feira, 27 de maio de 2014

IN VINO VERITAS

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O vinho é o sangue da Terra. Se quisermos ouvir o que tem para nos dizer, é necessária  alguma tranquilidade. Este é um dos muitos pensamentos possíveis a respeito do precioso néctar, que faz toilette para abrir o tema, qual é o da origem da bebida mais importante da História da humanidade, incluindo cultos religiosos.
Ninguém sabe com precisão onde começou a ser produzido e consumido.  Segundo a lenda, Jamshid, rei da mitologia persa, terá guardado uvas num vaso para as comer no Inverno. Quando o frio chegou, Jamshid  encontrou uvas desfeitas mergulhadas num líquido borbulhante. Pensando tratar-se de feitiçaria, não comeu e proibiu o seu consumo. Certa noite, uma concubina doente caiu sobre um vaso e bebeu do líquido. Adormeceu profundamente e acordou curada. Terá sido o primeiro caso, eventualmente o único, a que a uma enorme ressaca se chamou cura mágica.
Do antigo Egipto também não vem informação, embora fosse usado para simbolizar sangue em cerimónias de vária índole. Na sepultura do famosoe folclóricoKing Tut foram encontrados 26 barris de vinho, rotulados com informação da origem, do produtor e do ano.
Na Bíblia o crédito vai para Noé, que cultivaria a vinha, além de construir grandes navios, mas sem referência ao modo como descobriu a fermentação.
Em boa verdade, sabe-sede palpávelque os primeiros indícios vêm da Geórgia Oriental, onde terão surgido os primeiros agricultores, num sítio chamado Dmanisi, a meio caminho entre o Mar Cáspio e o Mar Negro, na faixa de terra que liga o Médio Oriente à Eurásia, uma das primeiras paragens na grande marcha épica de dois milhões de anos da humanidade, da África para os quatro cantos do planeta. Aí terá nascido o vinho, há 8.000 anos, feito a partir de uvas da Vitis vinifera, videira que cresce, qual serpente, enrolada nas árvores e dá densos cachos de uvas deslumbrantes. Um dia irei ao Tavares e informar-me-ei se ainda têm vinho dessa colheita. Depois informo os leitores.
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