quarta-feira, 28 de maio de 2014

TOZÉ É APOFÉNICO; ASSIS TAMBÉM

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O cérebro humano tem capacidade de coordenar e relacionar a informação oriunda dos vários órgãos dos sentidos. Se assistimos a um concerto de Yo-Yo Ma, associamos a música que ouvimos com a execução do músico que vemos. O exemplo é careca, mas não há nada como ir do geral para o particular, do simples para o complicado.
Sem esta capacidade, a informação oriunda dos sentidos seria caótica, intratável e inútil, naturalmente. O galo que ouvimos cantar de manhã no quarto às escuras significa para o cérebro que o dia está a começar e são horas de alçar a caganeta da cama. O cheiro a sardinha frita faz-nos salivar, mesmo sem a comer, ou sequer ver. A associação da informação é a arma do nosso sucesso. Quanto melhor associamos, melhor pensamos e actuamos.
Mas quando este mecanismo "descarrila", ou sofre perturbações do padrão de detecção, começamos a asnear. Acontece em algumas doenças mentais e chama-se a isso apofenia.  Acontece também em pessoas normais—ou consideradas oficialmente normais—e traduz-se em coisas como a superstição, com associações de acontecimentos desagradáveis, tristes, trágicos, mesmo fatais, ao uso de cuecas às riscas, gravatas às bolas, ou do emblema do Sporting. O último exemplo não é feliz porque a associação é muitas vezes pertinente, mas não interessa isso agora.
Por exemplo, o Tozé Seguro é um nabo—afirmação escolhida porque não carece de ser demonstrada. Tozé vive na intranquilidade porque também ele sabe que é um nabo—sabe porque quando olha para Passos Coelho é como se estivesse a ver-se ao espelho. 
Mas o que queria dizer não era isto e peço desculpa pelo aparte. Tozé viveu meses de sofrimento atroz à espera do resultado das eleições europeias. A associação de sofrimento atroz com eleições europeias é uma apofenia neste caso, pois nada justifica um líder político andar meses a sofrer com a perspectiva de um resultado eleitoral. Se ganha, ganha; se perde, perde: faz o funeral do emprego e vai à vida. O exemplo fica completo se Tozé andou todo o tempo pré-eleitoral com as cuecas rosa que usou no dia em que foi eleito Secretário-Geral do PS—estaremos então em presença de dupla apofenia.
Aliás, diga-se en passant e a propósito, Assis também é apofénico. Assis associa a sua imagem de político com a de ser diferenciado—o mais apofénico possível!

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