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(Cenas filmadas em Viena—exactamente essa: a capital da Áustria!)
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Na antiguidade, pensava-se de forma animista, ou seja, o
mundo tinha um propósito, ou vários propósitos, fossem os ventos, os mares, o
Sol, as estrelas e por aí adiante. Havia mais deuses que personagens nas
novelas brasileiras, primeiro muito gerais, como a Terra, o céu, o amor, o mundo
oculto, rebabá. Estes reproduziram-se de várias maneiras, sob formas progressivamente
mais humanas, como Zeus e Venus, e depois numa série de personagens que
desaguaram no homem propriamente dito, mortal de sua natureza.
O propósito dos mitos e religiões, em boa verdade, não
era explicar o mundo, embora reclamassem tal capacidade, mas antes controlar a
cultura das comunidades, sendo a avaliação do seu sucesso feita através disso.
Deus, ou os deuses, davam a autoridade, os guias religiosos prometiam a
recompensa aos que acatassem a mensagem.
Falo nisto porque li hoje um texto excelente—da autoria
de John McCrone—onde
se lê o que resumo em cima e me deixou impressionado com a actualidade da análise.
Vivemos num mundo onde se professam ene religiões e poucas—se alguma—escapam ao
que McCrone diz. Assiste-se, no Século XXI, à manipulação das almas de forma
impúdica e chocante, mantendo-se o espírito que inspirou as cruzadas cristãs e
a Inquisição de outros tempos, os atentados suicidas como os das Torres Gêmeas,
o sequestro de jovens na Nigéria e um nunca acabar de ignomínias intoleráveis. Aquilo
de que McCrone fala não são coisas de outros tempos, infelizmente. E, parafraseando,
quem não colabora nisso que atire a primeira pedra. Que os líderes religiosos comecem a tratar do problema é o mínimo que se espera.
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