sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

A FOME E A TEORIA HELIOCÊNTRICA

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Existem actualmente mil milhões de pessoas que passam fome, num mundo com 6 ou 7 mil milhões. Em 2050, poderão ser 9 mil milhões pelo que a produção alimentar tem, necessariamente, de crescer. Com a urbanização, eventuais alterações climáticas, e o aumento da escassez energética, vai ser complicado. Embora o actual modelo possa produzir mais 50 a 100% de comida, tal situação não é sustentável porque esgota os stocks de energias não renováveis, deteriora os ecossistemas, e deixa enorme “pegada” de carbono, pela depleção no solo, combustão de combustíveis fósseis, e consumo energético na produção de adubos.
O crescimento da agricultura clássica dos países sub-desenvolvidos e em desenvolvimento, será uma contribuição, mas insuficiente, não garantida, e com os inconvenientes acabados de citar. A solução implica esforço enorme dos cientistas e engenheiros, do campo até ao garfo. No campo, ajudando os agricultores a produzir mais alimentos com menos adubo, menos água, menos solo e menos sementes. No garfo, modificando hábitos alimentares, ao introduzir novas fontes de proteínas, incluindo insectos. A hipótese dos insectos é hoje considerada seriamente e só causa sorrisos a quem não compreendeu que a tradição culinária é das matérias mais convencionais deste planeta. Vá~se por esse mundo e veja-se que quem come macaco não come coelho, e quem come coelho não come formiga de asa. Os chineses comem tudo que tem pernas, excepto mesas e cadeiras.
No campo, há muito a fazer, desde a automatização, até à robotização. Mas a verdadeira revolução na produção alimentar é hoje um tabu quase tão grande como a teoria heliocêntrica no tempo de Copérnico. Falo dos alimentos transgénicos, manipulados pela biologia molecular, capazes de resistir às pragas e aos insectos, com fotossíntese melhorada, particularmente útil em ambientes desfavoráveis, e com melhor capacidade de fixar azoto.
Os perigos apontados aos transgénicos são teóricos e, portanto, hipotéticos. Para que um gene alimentar produzisse efeitos deletérios, teria de resistir à digestão no aparelho digestivo, ser absorvido assim com um mínimo de eficiência, penetrar no núcleo de células do hospedeiro, instalar-se no ADN e, depois disto tudo, ser activo, ou seja, ter capacidade de inteferir na síntese de proteínas, revelando-se estas prejudiciais de qualquer modo, desde ter filhos do Sporting, até ter galinhas carecas. Em nome deste receio, poderá haver muita fominha no mundo. Mas os ecologistas é que sabem!...

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