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O regime republicano português cavou um grande abismo entre si e a nação; tem sido sempre, infatigavelmente, um elemento de dissolução nacional, porque, ao proclamar-se, olhou para a nação e perguntou: qual é o principal problema a resolver? A ordem pública?, o pão?, a situação internacional?, o ensino?, o trabalho? Não! O primeiro problema, o fundamental, aquele em que todos têm os olhos, aquele que representa a aspiração colectiva e a máxima urgência, - é o da expulsão dos Jesuítas! E começou-se por aí. Andavam todos os lares domésticos portugueses desassossegados, inquietos; todas as famílias estavam oprimidas, vivendo sob pesadelos enormes, por falta de uma lei que estabelecesse o divórcio. E veio a lei do divórcio. A seguir, surge a lei da separação e atrás disto, a república nada mais nos deu que constitua seu património e sua glória, porque para mais não chegou o seu conhecimento da vida pública... O resto é a multidão dos pequeninos expedientes, daquelas pequeninas providências que vieram atrás da lei do divórcio, da expulsão dos Jesuítas e da lei da separação.
Nos centros, nos comícios, nas batuques partidários, onde se planeiam ataques e ódios contra os monárquicos, foram esses os problemas que unicamente preocuparam toda a atenção dos grandes estadistas e dos grandes legisladores de 1910. Não se fez uma obra positiva; e até o que podia ser bom por acaso, até isso nunca o fizeram senão por mal...
Alfredo Pimenta in “A Situação Política” (1918)
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