[...] Sou avesso a
excessos. É claro que umas centenas de malucos fechados numa sala (de que
infelizmente não se perdeu a chave) não definem o espírito do tempo. O que o
define é a importância que se dá à coisa. Assim de repente, os augúrios não são
simpáticos: sem discernível ironia, os media dedicaram ao encontro a seriedade
que se dispensaria a um encontro de gente séria, e quando se vê comentadores
solenes interpretarem as palavras do Dr. Soares como interpretariam as de
alguém digno de atenção, é lícito constatar que a democracia não atravessa um
período radioso. Não discuto que o Governo não seja um paradigma de
incompetência. Digo que enquanto a alternativa reconhecida implicar múltiplas
exibições de demência, aliás em nítido desrespeito pelo Código Penal, isto não
vai longe. [...]
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Alberto Gonçalves in "Diário de Notícias"
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