Há pouco tempo atrás, João César das Neves tinha por hábito dizer coisas sensatas. Em dado momento, quiçá consequência do tédio, teve algumas eructações mais sonoras que fizeram cacha nos jornais. Gostou e reincidiu com sucesso. Daí a tomar o gosto pelo protagonismo foi um passo. Qual Dr. Ulrich, tornou-se emissor incontinente de frases controversas, por vaidade que não cai bem na sua qualidade de cristão incondicional. Está a concorrer com o Dr. Soares cujo discurso contém um título em cada frase.
Hoje terá dito coisas como "aumentar o salário mínimo é estragar a vida aos pobres", ou "a maior parte dos pensionistas não são pobres e estão a fingir que são pobres." É claro que, num contexto adequado, tais bitaites podem ser explicáveis. Mas João César das Neves não diz tais coisas de boa fé—a ideia é cultivar o exotismo intelectual, numa triste manifestação de exibicionismo. Sabe que é nessas afirmações que os jornalistas vão "pegar" e gosta. Um nadinha mais de contenção verbal ficava-lhe bem.
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