quarta-feira, 20 de agosto de 2014

A CLARIVIDÊNCIA É UM BEM FINITO


Alguns jornais portugueses titulam com relevo uma notícia: "Papa diz que só tem mais dois ou três anos de vida". Quem lê fica com a ideia que o Papa terá alguma doença cujo prognóstico aponta para tal previsão. Mas lendo a notícia, fica-se a saber que não é seguramente isso. O Bispo de Roma tem 77 anos e, fazendo contas, chegou à conclusão que dentro desse prazo não estará em condições de continuar; admite mesmo resignar. Quanto à saúde, diz que vai resolvendo pequenos problemas "nervosos" com mate, bebida popular da Argentina que, tanto quanto se sabe, não é usada em doenças com prognóstico de vida de dois ou três anos.

Assim:

Alínea 1)  O título configura jornalismo rasca. Sobre isto, é tudo.

Alínea 2) Felizmente, o actual Papa tem o senso—pelo menos por enquanto—de saber que a capacidade humana para quase tudo—incluindo, especialmente, liderar uma religião—se esgota com a idade. Significa tal que, como Bento XVI, poupará os fieis ao que aconteceu com João Paulo II, em funções e a arrastar senilidade e doença para lá do que é louvável.
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