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A Via Láctea, como é sabido, é a galáxia onde mora a Terra e moramos todos,
obrigatoriamente. Falar assim parece ser de quem está contrariado, mas não.
Gosto tanto de morar na Via Láctea como de morar na rua onde moro, embora esta
deva ser mais pacata que a galáxia em geral e tem tudo à mão. O Centro Colombo
da Via Láctea, por exemplo, não sei onde
é e deve ser um problema lá chegar, com nebulosas, estrelas brancas anãs, planetas
desabitados e um ror de outras coisas pelo meio a complicar a viagem. E o
centro da galáxia não tem, de certeza, o encanto dos Restauradores, do Rossio, da
Rua Augusta. Tem lá um buraco negro medonho mas, em boa verdade, nas imediações
do Terreiro do Paço também está o Ministério das Finanças, maior que o buraco
negro central do grupo de galáxias Fénix, que tem massa 20 mil milhões de vezes
superior à do Sol e cresce por ano o equivalente 60 vezes a massa deste. A
massa do Ministério também é de bitola astronómica, mas cresce anualmente muito
mais porque cresce em proporção geométrica. A máquina de calcular da Maria Luís
só faz multiplicações. Somar, soma pouco e diminuir nem pensar—é sempre a
multiplicar.
Servem as considerações preliminares para mostrar a
supracitada Via Láctea numa fotografia. Como se vê, tem o aspecto de um disco
voador com milhares de milhões de estrelas, sendo o diâmetro 100 mil
anos/luz e a espessura no centro—onde é máxima—mil anos/luz. Atravessa o céu
em posições variáveis, conforme o ponto de onde é vista, sendo o da fotografia
o Chile. Resta dizer muito mais, mas por agora só isto: todas as estrelas que
vemos à vista desarmada, pertencem à Via Láctea. Só com telescópios mais ou
menos complicados se vêem estrelas de outras galáxias.
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