Jean Buridan, filósofo e padre católico francês, viveu
nos Séculos XIII e XIV e um dia escreveu que o livre arbítrio pode levar à
inacção—incapacidade de escolher devido ao excesso de incerteza e,
potencialmente, excesso de escolha.
Embora o padre nunca tenha falado em burros, o ícone da teoria
é o chamado "asno de Buridan" que, entre dois fardos de palha, não
consegue escolher o melhor e acaba por morrer de fome.
No mudo moderno desenvolvido, o que mais há são asnos
de Buridan. Não morremos de fome, mas padecemos de ansiedade, às vezes também
fatal. A abundância da oferta de possibilidades
sedutoras cria conflitos psíquicos antes, durante e depois de decidir ou
optar. E, frequentemente, a ansiedade é maior depois de escolher e decorre da
dúvida sobre se o outro fardo de palha não seria melhor. Curiosamente e muitas
vezes, nem sequer precisamos daquilo que escolhemos ou da alternativa que não
escolhemos, ou seja não precisamos da palha porque nem temos fome naquela
altura—burriiiceeee...! Temos consciência disso, mas ninguém escapa, tal como
não escapa ao truque do preço de €4,99, ou €99,9.
A dimensão do problema depende da importância do que
está em causa. Se for uma gravata ou uma mala, é uma coisa; se for um emprego
ou uma casa, é mais complicado; e, se for um curso, ou um casamento, é pau, é
pedra, é um resto de toco, é o fim do caminho.
Buridan, lá onde está, deve encher-se de rir. Olhando
para o mundo, oito séculos depois, ainda vê alguns que já hesitavam entre dois
fardos de palha quando ele filosofava.
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