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Este Governo não presta—já toda a gente percebeu e é
preciso dizê-lo, especialmente aqueles que o apoiaram. São esses que têm
autoridade para o fazer com credibilidade. Em particular os que não falam por razões
partidárias, ou por verem interesses próprios e injustificados ofendidos, como
é o caso do Dr. Soares, fóssil típico do reviralho e personagem com história de
comensal no banquete do orçamento do Estado.
O Dr. Soares continua pateticamente a verter prosa em
vários jornais, sem conseguir disfarçar onde lhe dói. Hoje, no "Diário de
Notícias", mais uma vez mostra o primarismo ideológico a que nos habituou
e não evita deixar escapar um grito da dor que o Governo lhe provoca e que tem
tentado disfarçar por pudor (ainda tem algum!). Diz assim, às tantas:
[...] Um ano e
pouco depois de empossado, o Governo de Passos Coelho nunca foi capaz de
definir uma estratégia coerente, nem de se entenderem, entre si, os respetivos
ministros. A paralisia dos ministérios, com avanços e recuos, é a regra. Por
outro lado, teve o mérito de pôr contra si todos os sectores da sociedade
portuguesa: das Forças Armadas às policiais, das Igrejas às universidades, dos
partidos, incluindo a maioria do próprio PSD, aos sindicatos, das autarquias
(municípios e freguesias) às fundações privadas e de interesse público*, têm
vindo a destruir a classe média, criando as maiores dificuldades aos próprios
bancos. [...]
Passando por cima da sintaxe tremelicante que não
interessa agora, já tínhamos percebido que as fundações privadas e de interesse
público merecem especial carinho ao Dr. Soares. Ninguém percebe porquê. É
talvez uma fé que tem; o que justifica nunca ter falado em atribuição de
benesses escandalosas e injustificadas a fundações de luxo, cuja finalidade não
é clara e cujos meios o são ainda menos, de acordo com o que se lê e ouve nos
media.
Hoje o gato escondido deitou o rabo de fora. Como diria
Jô Soares, já entendi! Já entendi!
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* O sublinhado é meu
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