O Porto tem a mania da perseguição. E quando não tem, usa a perseguição como arma.
É com o programa "Praça da Alegria" que, por razões que desconheço, irá deixar de ser produzido em Vila Nova de Gaia—manifestação de maldade viperina de Lisboa que não compreende a importância cultural de tal produção e o que a sua deslocação significa de prejuízo para o futuro da Nação. E lá vêm os intelectuais da música ligeira, médicos, treinadores de futebol, blá, blá, blá, apelar ao bom senso para que não seja cometido um crime de lesa cultura, e sobretudo de lesa Pátria. É com a Casa da Música que vê cortado o seu orçamento, o que motiva uma patética petição na Net onde se lêem coisas grandiloquentes, tipo "A Casa da Música é hoje um ícone do Porto e o seu estrangulamento é um nó na garganta dos seus cidadãos. Se ficarmos quedos perante a afronta, outros machados se abaterão sobre as nossas instituições e o nosso inalienável direito a fazer da cultura uma das pedras basilares da vida quotidiana".
O Porto tem
andado a dormir, segundo parece. No período de crise em que nos meteram os
famosos políticos que são os nossos, com milhares de pessoas a passar fome
e milhões a serem espoliados dos seus rendimentos pelo fisco, número assustador
de gente sem emprego e empresas a falir às dúzias diariamente, vem com uma
conversa fora do contexto sobre a "Praça da Alegria" e com cordões
humanos em volta da Casa da Música onde se ouviram palavras de ordem como
"A Casa é nossa, vamos dar a mão, só falta um milhão". Aos humanos do
referido cordão eu digo que um milhão é muita massa. E quando não há dinheiro
para comer, o pífaro tem de esperar. Deixemo-nos de demagogia barata ao serviço
de forças políticas que são tão más como as que nos governam agora. Infelizmente, porque precisávamos de coisa melhor.
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