quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

JERICADAS

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O Senhor Primeiro-Ministro anda à brocha com a trapalhada em que se meteu—não esperava o charco fedorento que o Zezito lhe deixou e agora não sabe como descalçar a bota. Nós compreendemos a enrascada, porque somos compreensivos, está bom de ver. Mas isso não lhe dá o direito de dizer jericadas. Pode dizê-las lá em casa, no Conselho de Ministros, quando for beber uns copos com os amigos; mas não em público e ainda menos quando está frente às câmaras da televisão, aos microfones das rádios e aos jornalistas em geral.
Há dias, bolsou a de que algumas pensões não correspondem ao valor dos descontos que os pensionistas fizeram ao longo da carreira contributiva, coisa com que estamos todos de acordo. Porquê? Porque há gente que está nessas condições, nomeadamente políticos, incluindo alguns e algumas do seu Partido ainda no activo. O Senhor Primeiro-Ministro devia ser mais cauto quando fala, atirar a trampa directamente para cima daqueles a quem ela é dirigida, e não para o ar, porque salpica todos indiscriminadamente.
Por outro lado, este OE 2013 penaliza pensionistas que estão exactamente nas mesmas condições remuneratórios de pessoas no activo que não são penalizadas da mesma forma. Porquê? Não se percebe, mas fica a suspeição de que o Governo tem um parti pris, um viés, uma coisa freudiana, contra os pensionistas. Algum pensionista, há muitos anos, partiu o carrinho de corda do ministro Gaspar, roubou um chupa-chupa a Passos Coelho, ou deu uma estalada no Relvas (pena que o último já tenha, verosimilmente, morrido porque fazia cá falta agora).
Como dizia Joaquim Letria já aqui citado, os políticos devem pensar que os velhos já estão mortos e que, no fim de contas, estamos todos mal enterrados... Mas não; nem mortos, nem mal enterrados. Estamos apenas na fase de que falava Luís Fernando Veríssimo, como referi há dias, a respeito das qualidades das mulheres: "Hoje, com 44 anos, gosto de mulheres com mamas grandes. É só!"  Os reformados também não são exigentes: só querem um governo que não diga nem faça jericadas. Mais nada!...
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