Hoje, na sua habitual crónica no “Diário de Notícias”, Vasco
Graça Moura escreve às tantas:
[…] Vive-se sob a pressão do imediato, de um imediato
teratológico e irremediável. Há cada vez menos capacidade do homem comum para
enquadrar e compreender o que lhe acontece e acontece à sua família ou à dos
vizinhos: pais, irmãos, filhos, parentes, velhos e novos, gente cujas vidas em
concreto se vão passando agora entre a angústia do desemprego e a do risco de
tudo se desmoronar.
Se se teme, logo à partida, que as soluções adoptadas
acabem por falhar umas atrás das outras sob o impacto brutal de uma realidade
dificilmente controlável, também as análises da situação que se vive são
contraditórias, frequentemente eivadas de preconceitos ideológicos que nada
resolvem, repassadas de posicionamentos teóricos que, por sua vez, não
conseguem abarcar os mecanismos que fazem mover a realidade, ou marcadas por
apelos revolucionários e malabarismos verbais que não levam a lado nenhum. […]
Efectivamente, o que angustia o cidadão que quer viver
sem a obsessão do circo político e da oratória demagógica dos Passos, Seguros,
Jerónimos, Semedos e quejandos, é não ver forma de sair do buraco em que o
meteram. Para qualquer lado que se vire, vê Passos, Seguros, Jerónimos, Semedos
e quejandos e não meio de sair do buraco. Vê janotas que se julgam no centro da sua vida, que acabam por ocupar pelos piores motivos. Não há
pachorra!...
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