O Governo brasileiro
anunciou o adiamento da aplicação obrigatória do acordo ortográfico para
Janeiro de 2016. O Governo português decidiu começar a aplicar o acordo em
2009. Considerando que tal acordo representa um frete feito ao Brasil, a
situação não é só ridícula—é humilhante e traduz o completo desprezo dos
brasileiros por aquilo que Portugal faz, incluindo sabujar-se.
Não somos campeões do mundo em nada, é verdade, mas
saibamos comportar-nos com um nadinha de dignidade. Deixemos de nos
considerar os coitadinhos do planeta. O que o Brasil acaba de fazer é bem-vindo
para os que, como eu, acham o acordo um nojo; mas representa enorme falta de
delicadeza e consideração com os portugueses.
O Brasil, em resumo—para falar bem e depressa—está a
cagar-se para nós, pedindo desculpa pela brutalidade. E está tal porque nós nos
colocamos na posição do penico. Exactamente! Se não queres molhar-te, não andes
à chuva, é bom de entender.
Chegado a este ponto, quero tirar o chapéu a um cidadão e
a um País. O cidadão é Vasco Graça Moura que tem pugnado galhardamente para prevenir
o aborto, incluindo o ter abolido o seu cumprimento no Centro Cultural de Belém logo
que tomou posse como presidente. O País é Angola, que não aderiu ao aborto,
dando-nos uma lição de dignidade. Infelizmente, tirando raras excepções, somos
uma Pátria de cágados. Esta Nação, onde a terra acaba e o mar começa, é o habitat
natural do cágado lusitano de Lineu. Mais nada.
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