Sou adepto do Benfica por razões que têm explicação e não interessam agora, mas não sou fanático e irracional no apoio ao clube. No futebol, o Benfica faz muita asneira, muitas vezes joga mal, outras sai-se bem, mas não é o melhor do mundo, nem coisa parecida. Sobretudo, evito dizer que "a culpa foi do árbitro" quando as coisas correm mal. As decisões dos árbitros pesam nos resultados e, por tal razão, passaram a ser apontadas como justificação por todos aqueles cujos clubes não conseguem os objectivos desejados. Umas vezes têm razão, outras não, mas a desculpa vem sempre.
Compreendo o fenómeno quando se trata de adeptos pouco
esclarecidos, desiludidos e inconformados com um resultado. Mas dirigentes dos
clubes, que teoricamente deviam sem um nadinha mais diferenciados do ponto de
vista intelectual, a fazer o mesmo é confrangedor. Ontem o Sporting perdeu com
o Benfica num jogo—dizem—de grande qualidade de ambos os lados. Chegaram ao fim
empatados e houve prolongamento para desfazer a igualdade. Eis senão quando Rui
Patrício terá dado uma fífia do tamanho do ordenado que aufere em Alvalade—144.000
euros por mês segundo li num jornal.
Com a fífia, frango ou perú, o Benfica seguiu em frente e
o Sposting ganhou uma taça de cortiça.
Tal bastou para que o inspirado presidente do Sporting tivesse uma saída de fino
recorte literário. Disse Carvalho: "Isto
é um forte revés para a verdade, para quem gosta de futebol e ainda acredita em
fadas". E ainda: "Sempre disse que quando houvesse um jogo inclinado
só para um lado haveria de falar. Não
é normal errar só para um lado. Só se vocês acham normal. Eu não acho."
Leia-se: O
Sporting perdeu porque foi roubado pelo árbitro. Não sei se foi roubado ou não,
nem estou interessado em saber. Estava interessado era em que o nível dos
dirigentes fosse um bocado melhor. E a respeito, chamo a atenção para as
declarações do treinador do Sporting, Leonardo Jardim, cujas palavras—ontem
e noutros jogos—foram e são sempre bastante mais elevadas.
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