Teixeira dos Santos, último Ministro das Finanças do Governo dito socialista do Zezito, não é—por essa precisa razão—a pessoa melhor posicionada para emitir considerações críticas sobre a actual política financeira do País; embora tenha no currículo o facto de ter sido quem, com coragem, pôs termo à corrida alucinada e suicida para o precipício na fase agónica do executivo socrático. Mas hoje, em entrevista a uma rádio, disse coisas certeiras das quais se destacam as referências ao que se convencionou chamar Guião da Reforma do Estado, que não guia coisa nenhuma, como era expectativa geral.
Disse a folhas tantas: "Este documento foi feito por um aluno que tinha de apresentar um
trabalho, que falhou o prazo, que não estudou a matéria e que, sendo instado a
apresentar o trabalho, escreveu-o à pressa". Tal e qual.
O Dr. Portas é um
homem de superficialidades, de frases sonantes, conhecido ex-autor de títulos
jornalísticos bombásticos e arrasadores, mas não mais. Esgota-se nisso. É fogo
de artifício, menos consistente que um foguete de lágrimas. Andou meses a
insinuar que apresentaria um trabalho de fundo sobre a reforma do Estado e o
fundo, afinal, era de penico. E digo isto porque a "substância" do
documento cabe toda na superfície colectora do referido vaso de noite.
O preocupante não
é o facto de o guião não servir para nada. Em boa verdade, mesmo sendo obra
apurada, também não serviria, com um executivo que governa de improviso e toca
"de ouvido". Preocupante é o facto de verificarmos como um janota,
qual Dr. Portas, chega a posição de destaque nesse executivo, alegadamente
responsável por decisões de que depende o nosso futuro e o dos nossos filhos. Já Almada Negreiros dizia que "não é preciso ir p'ró rocio p'ra se
ser um pantomineiro, basta ser-se pantomineiro!"
.
Sem comentários:
Enviar um comentário