Hugo Chávez era uma personalidade singular, às vezes com humor,
outras vezes com razão, muitas vezes caricato. Vivia afastado do planeta Terra
e tinha conversas de alienígena. No meio de tanta excentricidade, parecia um
homem bondoso, embora totalmente ineficaz nas intenções.
Morreu novo, de forma trágica e sucedeu-lhe Nicolás Maduro,
para desgraça dos venezuelanos. Maduro pode ter algumas das qualidades de
Chávez, mas tem todos os defeitos elevados à enésima potência. Sobretudo é
um ser primaríssimo onde o antecessor era apenas primário. Coisas como o
aparecimento da imagem da cara de Chávez pelas paredes da Pátria não lembram a
mais ninguém. É claro que Maduro não acredita nisso, mas usa a conversa para
embrulhar pobres venezuelanos que, além de pobres, são ingénuos e incultos, o que dá ideia da elevação do homem.
De governação, temos conversado, ou melhor, conversam os
jornais—a inflacção já vai em 50%, faltam bens essenciais, rebabá. Mas Maduro,
num extraordinário golpe de rins, mais de imaginação que de rins, descobriu
maneira de acalmar o povão: além de criar o Vice-Ministério para a Suprema
Felicidade Social do Povo, coisa a tresandar a Coreia do Norte e a Kim Jong-un,
decretou que o Natal, este ano, será em Novembro na Venezuela. E não nos deixou
sem uma explicação: o objectivo é dar ânimo aos venezuelanos, para derrotar a
amargura que se vive no País e promover a suprema felicidade social de todas as
pessoas. Natal é quando um homem—ou uma mulher—quiser e Maduro quis agora, em
jeito de balão de oxigénio.
A conversa não é original e todos temos na memória coisas
parecidas noutras paragens e tempos. O
que espanta é que, mais de uma década depois do início do Século XXI, ainda
haja fenómenos sociais e políticos do quilate de Nicolás Maduro.
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