terça-feira, 5 de novembro de 2013

O KIM JONG-UN VENEZUELANO

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Hugo Chávez era uma personalidade singular, às vezes com humor, outras vezes com razão, muitas vezes caricato. Vivia afastado do planeta Terra e tinha conversas de alienígena. No meio de tanta excentricidade, parecia um homem bondoso, embora totalmente ineficaz nas intenções.
Morreu novo, de forma trágica e sucedeu-lhe Nicolás Maduro, para desgraça dos venezuelanos. Maduro pode ter algumas das qualidades de Chávez, mas tem todos os defeitos elevados à enésima potência. Sobretudo é um ser primaríssimo onde o antecessor era apenas primário. Coisas como o aparecimento da imagem da cara de Chávez pelas paredes da Pátria não lembram a mais ninguém. É claro que Maduro não acredita nisso, mas usa a conversa para embrulhar pobres venezuelanos que, além de pobres, são ingénuos e incultos, o que dá ideia da elevação do homem.
De governação, temos conversado, ou melhor, conversam os jornais—a inflacção já vai em 50%, faltam bens essenciais, rebabá. Mas Maduro, num extraordinário golpe de rins, mais de imaginação que de rins, descobriu maneira de acalmar o povão: além de criar o Vice-Ministério para a Suprema Felicidade Social do Povo, coisa a tresandar a Coreia do Norte e a Kim Jong-un, decretou que o Natal, este ano, será em Novembro na Venezuela. E não nos deixou sem uma explicação: o objectivo é dar ânimo aos venezuelanos, para derrotar a amargura que se vive no País e promover a suprema felicidade social de todas as pessoas. Natal é quando um homem—ou uma mulher—quiser e Maduro quis agora, em jeito de balão de oxigénio.
A conversa não é original e todos temos na memória coisas parecidas noutras paragens e tempos.  O que espanta é que, mais de uma década depois do início do Século XXI, ainda haja fenómenos sociais e políticos do quilate de Nicolás Maduro.
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