A vida e o seu destino dependeram sempre da capacidade
de captar e utilizar a energia solar. Uma espécie bem sucedida é eficaz na conversão
rápida dessa energia em crias. As plantas e animais hoje dominantes canalizam
mais energia para os seus corpos que os antepassados extintos. Do mesmo modo, a
história humana é a história da descoberta de fontes de energia para sustentar
a espécie.
Com a domesticação das plantas, o homem seleccionou os
vegetais que mais energia lhe davam. Os animais de tiro escolhidos foram os que
melhor utilizavam a energia das plantas para o seu serviço. As azenhas, ao
aproveitar o ciclo da água promovido pelo Sol, enriqueceram-no. O mesmo para os
moinhos de vento, para a máquina a vapor movida pelo carvão, para o motor de
combustão interna alimentado por hidrocarbonetos petrolíferos, para a energia hidroeléctrica e por aí fora.
O motor a vapor de Newcomen tinha apenas 1% de eficiência,
ou seja, aproveitava 1% do calor libertado pela combustão do carvão; o de Watt
tinha 10%; o motor de combustão interna de Otto 20%; e uma moderna turbina tem
60%.
Tal não se traduz na diminuição da necessidade de fontes
de energia no mundo. O aumento do número dos que acorrem à utilização dessa
energia para assegurar a conservação da espécie é permanente, criando grande
pressão na produção. Só a melhor eficácia na utilização permite conter o crescimento
progressivo da produção. Os Estados Unidos gastam hoje metade da energia por
unidade do PIB que em 1950; e o mundo em geral usa menos 1,6% de energia por
dólar de crescimento do PIB em cada ano. Mas a batalha não é fácil porque o uso
económico da energia não é sinónimo de menos consumo—é o paradoxo de Jevons: o
uso económico de combustível não se traduz directamente em menor consumo; pelo
contrário, novas formas de economia acompanham-se de aumento.
A energia domina o mundo. No estado actual, este depende
totalmente dela. Em boa verdade, admira até que não haja mais conflitos com o
Homo sapiens por sua causa. Há muitos, dirão. Se pensarmos na importância
biológica, económica e sociológica que tem, é caso para dizer: antes assim que
pior.
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