O abominável César das Neves escreve hoje no "Diário de Notícias", como habitualmente às segundas-feiras. E Neves diz o quê? Diz que o FMI fez observações, estudos, análises, exames de consciência, rebabá e chegou à conclusão ter errado na receita de austeridade aplicada a Portugal—isto é, exagerou!
Mas Neves diz mais: o FMI enganou-se mas reconheceu o
erro; e todos os que anunciaram o inferno económico no País, com recessão em espiral, desemprego,
fim do Estado social, violência popular, rebabá, enganaram-se, mas não o assumem.
A esses, dá Neves a bofetada.
Em primeiro lugar, Neves tem de demonstrar que os
segundos protagonistas se engaram. Era bom isso, mas a procissão ainda vai no adro—é
cedo para deitar os foguetes que todos esperam. Até prova em contrário, e
aguarda-se com ansiedade essa prova, erraram todos.
E quem são todos? Todos são o FMI, a Comissão Europeia, o
Banco Central Europeu, Vítor Gaspar e o Governo português, os partidos da
oposição, esse crânio chamado Mário Soares, blá, blá, blá, e... o abominável
César das Neves.
Neves, até recentemente, mostrava-se sólido apoio da
alavanca da troika, mais papista que Vítor Gaspar. Agora acata o juízo do FMI, quando
este diz ter a austeridade sido mal doseada, com posologia para cavalo. Por isso, devia
estar calado, no mínimo. Ou então, abrir a boca para dizer que também asneou.
Foi peça do xadrez jogado desde o princípio do programa de ajuda a Portugal
e agora não pode abandonar o tabuleiro sem o mea culpa que espera dos
outros—tão interventivo que era, passa de repente a observador neutral e descomprometido! Cara de pau.
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