O problema da energia assume importância crescente na
sociedade devoradora de joules que é a nossa. A sua história é simples e
interessante. Ao princípio todo o trabalho era realizado por pessoas, para elas
próprias, usando a energia do ciclo de Krebs nos músculos. Depois, passou-se à fase em que uns
trabalhavam para os outros, gerando coisas como o ócio, as pirâmides do Egipto,
trabalho violento e exaustão. Assim foi construído o Império Romano.
Paulatinamente, o músculo humano foi sendo substituído pelo
do animal. Primeiro foi o boi. A utilização do feno permitiu aos europeus do
Norte alimentá-los durante o Inverno. Depois da invenção do arnês, o boi foi
substituído pelo cavalo, mais rápido a arar a terra e a puxar a carroça—mais
produtivo.
Seguiu-se a utilização da energia não biológica. Começou com a água
em movimento, nas azenhas, para moer o grão, separar a farinha do
farelo, encher as cubas para fazer cerveja, bater os tecidos crus e por aí
fora.
O moinho de vento só apareceu no Século XII, mas
rapidamente se multiplicou nos Países Baixos onde a força da água era fraca.
Contudo, ali se encontrou outra fonte de energia—a turfa, extraída dos pântanos
acabados de drenar. Foi com ela que os holandeses se transformaram na primeira
oficina do mundo, no Século XVII.
Corrente de água, vento e turfa são formas indirectas de utilizar a
energia solar. O carvão, que veio depois, também é energia solar armazenada há
muito mais tempo—fóssil de antigas plantas.
O mesmo com o petróleo e o gás natural. Estamos a usar
energia absorvida por plantas, através da fotossíntese, há tempo inimaginável. São formas de energia
renovável a longo prazo, mas a ritmo muito mais lento do que consumimos.
É possível que o actual consumo leve ao seu esgotamento no
futuro. Além dos putativos efeitos no clima, este é um problema da
humanidade. Mas antes de gritar que vem aí o lobo, deve-se pensar em Malthus e
em todos os profetas das desgraças que não aconteceram. Não é líquido que o
efeito estufa, com o aquecimento global consequente, sejam favas contadas. Há
lobbies metidos na história e muita gente a ganhar dinheiro à custa disso. Os
consumidores de electricidade em Portugal que o digam—basta olhar para uma
factura da EDP ou da Endesa. Quanto ao esgotamento, quem disse que, tal como se
passou da azenha movida por animais para a movida pela água, não vamos produzir
energia limpa e ilimitada a partir da fusão do hidrogénio, ou coisa parecida? Keep calm!
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