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Os jornais fazem hoje títulos com uma afirmação bombástica:
o Professor Stephen Hawking teria afirmado, num artigo publicado online, no arXiv.org,
que não há buracos negros. Independentemente de Hawking não conhecer o
Ministério das Finanças do Governo de Passos Coelho, o que deitaria de imediato
por terra a afirmação, estaria sempre errado se a afirmação fosse essa. Mas não
é. O que diz o físico é que eles não existem, tal como são actualmente concebidos.
Como se sabe, o buraco negro é fruto do colapso duma
grande estrela que morreu. Na ausência da força expansiva do núcleo, onde
ocorriam reacções de fusão nuclear, e sob o efeito da gravidade, a grande
massa da estrela concentra-se num volume muito pequeno, o que aumenta enormemente a gravidade—muita massa em pequeno volume é o que dá.
Então, tudo que passa perto é atraído e nunca mais sai de
lá; nem mesmo a luz—daí o nome. Naturalmente, a atracção exercida pelo buraco
negro começa a fazer-se sentir numa área envolvente maior que ele, área chamada horizonte de eventos, ou de acontecimentos. Tudo que entra nesse horizonte "desaparece".
O que Hawking publicou no dia 22 de Janeiro—há três
dias—foi que o horizonte de acontecimentos não é bem como tinha dito
antes—Hawking é o autor da teoria actual dos buracos negros—porque não é
estático e, nalgumas circunstâncias, pode deixar sair massa ou energia. No
fundo, subtil fenómeno para leigos como nós, embora facto importante para físicos quânticos.
A massa do buraco negro pode ter discretas flutuações,
com variações do campo gravitacional a permitir que haja pequenas "fugas" no horizonte de eventos.
Aliás, o que o autor disse, de facto, foi que não há buracos negros, pelo menos
da forma como os imaginamos.
Fica esclarecida a situação e, infelizmente, ainda não é
desta que se verifica a extinção por decreto astrofísico do Ministério da Maria
Luís.
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