sábado, 25 de janeiro de 2014

AINDA NÃO É DESTA !



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Os jornais fazem hoje títulos com uma afirmação bombástica: o Professor Stephen Hawking teria afirmado, num artigo publicado online, no arXiv.org, que não há buracos negros. Independentemente de Hawking não conhecer o Ministério das Finanças do Governo de Passos Coelho, o que deitaria de imediato por terra a afirmação, estaria sempre errado se a afirmação fosse essa. Mas não é. O que diz o físico é que eles não existem, tal como são actualmente concebidos.
Como se sabe, o buraco negro é fruto do colapso duma grande estrela que morreu. Na ausência da força expansiva do núcleo, onde ocorriam reacções de fusão nuclear, e sob o efeito da gravidade, a grande massa da estrela concentra-se num volume muito pequeno, o que aumenta enormemente a gravidade—muita massa em pequeno volume é o que dá.
Então, tudo que passa perto é atraído e nunca mais sai de lá; nem mesmo a luz—daí o nome. Naturalmente, a atracção exercida pelo buraco negro começa a fazer-se sentir numa área envolvente maior que ele, área chamada horizonte de eventos, ou de acontecimentos. Tudo que entra nesse horizonte "desaparece".
O que Hawking publicou no dia 22 de Janeiro—há três dias—foi que o horizonte de acontecimentos não é bem como tinha dito antes—Hawking é o autor da teoria actual dos buracos negros—porque não é estático e, nalgumas circunstâncias, pode deixar sair massa ou energia. No fundo, subtil fenómeno para leigos como nós, embora facto importante para físicos quânticos.
A massa do buraco negro pode ter discretas flutuações, com variações do campo gravitacional a permitir que haja pequenas "fugas" no horizonte de eventos. Aliás, o que o autor disse, de facto, foi que não há buracos negros, pelo menos da forma como os imaginamos.
Fica esclarecida a situação e, infelizmente, ainda não é desta que se verifica a extinção por decreto astrofísico do Ministério da Maria Luís.
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