ESPAÇO, ONDE COMEÇAS TU ?

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Estação "Espacial" Internacional, vivemos na era do "espaço", satélites artificiais no "espaço", rebabá—o conceito "espaço" dá um toque moderno à conversa e faz toilette. Se perguntarmos a quem usa o termo que é isso de espaço, não sabe. E não sabe, diga-se em abono da verdade, porque—exactamente—ninguém sabe. É uma daquelas coisas de que muito se fala e ninguém sabe o que é, assim como o programa do PS para o pós-Passos Coelho.

Em estilo António Costa, ou seja, explicar o que não se pode explicar, diz-se ser espaço o local onde o homem deixa de estar protegido pelo berço, a Terra. Tal protecção depende de muitos factores, como a gravidade—pense-se no problema que os astronautas têm com a quase ausência de gravidade—mas o mais importante estará relacionado com a posição na atmosfera. Na realidade, esta é o escudo invisível que mais protege o homem, seja pelo conteúdo em oxigénio, pela pressão, pelo que filtra da radiação solar que chega ao planeta e por aí fora.

Mas considerar a dependência da atmosfera como padrão para marcar o início do espaço é curto. Felix Baumgartner, o austríaco que saltou de para-quedas de 39 km de altitude, teria morrido com falta de oxigénio, hipotermia e rotura de vasos sanguíneos e vísceras se não usasse um fato especial para o efeito. E ninguém sobrevive na altitude a que voam os aviões comerciais sem a pressurização e climatização das cabines. Em nenhum destes caso podemos dizer que ele ou nós atingimos o espaço.  

A atmosfera tem várias "cascas", ou "camadas". Aquela em que vivemos—chamada troposfera—vai do nosso nariz até cerca de 10/15 km, aproximadamente a altitude em que voam os modernos airliners. Para cima, fica a estratosfera, até cerca dos 50 km, a que se segue a mesosfera, que o Governo dos Estados Unidos considera ser já "espaço". É "espaço" apenas por decreto. A partir dos 690 km, e até aos 10.000 km, estende-se a camada mais espessa da atmosfera, a exosfera, a última. Só a partir daí se pode dizer com propriedade que é "espaço".

A Estação Espacial Internacional viaja a 400 km de altitude—portanto na mesosfera—e, de acordo com o critério do Governo americano, no "espaço". Mas mesmo com este conceito alargado de "espaço", dos mais de 100 mil milhões de homens e mulheres que já existiram, só 550 lá foram—0,000055%.

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