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Ayano Tsukimi tem 64 anos e vive há 11 anos numa pequena aldeia,
em Shikoku, uma das quatro principais ilhas do Japão. Eram centenas antes, mas
pouca gente lá vive agora—apenas 37. Uns morreram, outros abalaram para longe.
Como diz, o hospital mais próximo está a hora e meia de distância e acredita que, se um dia precisar dele, morrerá antes de lá chegar; mas está
tranquila—a morte não a preocupa. Vive com o pai, de 83 anos, e é casada. Marido e filha vivem em Osaka.
Para ocupar o tempo, faz bonecas há dez anos semelhantes
aos ausentes que espalha por todo o vale, incluindo escola e ruas. Fazer as
caras é o mais difícil, diz, especialmente as bocas. Já fez 350, incluindo uma
dela própria, mas espera fazer muitas mais. Duram pouco: apenas três
anos. Há quem goste de ver e há quem não goste. Não é que digam, mas ela
percebe.
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