sábado, 9 de agosto de 2014

ZELADORES DA FÉ

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A respeito do V centenário do nascimento de Frei Bartolomeu dos Mártires, Anselmo Borges escreve hoje sobre ele no "Diário de Notícias" e, a páginas tantas, assim:

[...] Mas não hesitou em verberar a vaidade, o fausto e ostentação dos eclesiásticos. Denunciou de modo veemente a Cúria Romana que, escreve Aires Nascimento, "se burocratizara e se valia de expedientes para assegurar dinheiro que se tornara necessário para manter serviços inúteis". Perante clivagens e críticas, não esmoreceu em zelo e apelava para o direito divino que opunha às tradições romanas: "Invocando autoridades consagradas, aos bispos que não cumpriam as suas obrigações pastorais, nomeadamente o dever de residência e de visitação, não hesitava em compará-los a meretrizes, por apenas se interessarem com usufruir de benefícios materiais."
Sobre os cardeais escreveu: "Não se elejam senão aqueles que se destaquem pela excelência de vida e doutrina. Entre o seu número, escolham-se alguns maximamente idóneos que com o Papa governem a Igreja." Quando lhe mostravam "os faustosos palácios e jardins que permitiriam convívio regalado, respondia que melhor fora preocupar-se com os pobres e que, mais que resguardar-se em edifícios sumptuosos, importava visitar e cuidar dos desamparados e acolhê-los nas dependências vazias".[...]

E, noutro passo:

[...] Se vivesse hoje, aplaudiria, de coração, Francisco, pois foi com um Papa como ele que terá sonhado.[...]

Anselmo Borges fica na mira das "beatas"—onde, aliás, já deve estrar há tempos. A propósito de um texto que, em 2010,  escrevi neste blog sobre o exorcista espanhol José António Fortea, recebi dois comentários que estão publicados. Um é de 2012 e reza assim:  "Folclore? Que o bom e misericordioso Deus salve a quem escreveu isto"—a mim, naturalmente. O outro, de 2013, diz: "Folclore? Este o diabo já tem nas mãos...".
A beatice dos autores, provavelmente autoras, dos comentários anónimos é flagrante. Vivem no mundo do Deus Juiz, castigador inclemente. Respondi-lhes:

"Agradeço a preocupação das almas, que comentam anonimamente, com o meu destino final. Não tenho nada contra a religião, antes pelo contrário. Mas recordo que a Igreja Católica já promoveu Cruzadas, que hoje não aprovaria, e já condenou gente viva à fogueira, impensável nos dias actuais. Os tempos mudam, os erros acabam. Já não há erros? Claro que há! E não se pode apontá-los? Claro que pode—assim acabaram as cruzadas e as fogueiras da Inquisição. E quem se insurgiu contra elas não está no Inferno por isso. Quem defendia as Cruzadas e as fogueiras eram as "beatas" e os "beatos" que não prestaram grande serviço a Deus e à religião". 
Ainda estou à espera de resposta dos zeladores, ou zeladoras, da fé que devem andar muito ocupados a ameaçar outros pecadores com o Inferno.
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