Portugal pode manter um sistema de protecção social de grandes dimensões desde que consiga financiá-lo. Se quiserem ter um grande estado providência em Portugal, tudo bem, mas têm de saber como pagar por ele.
Quem disse isto? O senhor de La Palice?
Podia ter sido, mas não foi. Foi Abebe Aemro Selassie, chefe
de missão do Fundo Monetário Internacional para Portugal. E porque disse?
Porque, embora pareça uma lapalissada, há gente em Portugal que contesta o que
disse e acha tal coisa um erro.
A Pátria Lusa, pela Graça de Deus, tem uma Constituição
generosa que lhe promete o caminho para o socialismo e um alargado rol de
direitos sociais para os seus autóctones e não só. Coisa bonita de se ler, de
deixar o olho húmido de enternecimento. Mas aos legisladores escapou um
pormenor incómodo, impertinente até, qual é o de não incluir uma ressalva no
fim do articulado dizendo "se houver dinheiro". E, como ocorreu tal
lacuna, os nativos da terra abençoada agarram-se ao texto inacabado e esperam—exigem
mesmo—um sistema de protecção social de grandes dimensões, para usar as
palavras do senhor Selassie.
Se perguntarmos ao Dr. Soares, ao Dr. Arnaut, ao Poeta
Alegre e por aí fora, como pagará a Nação o Rendimento Social de Inserção e o
subsídio de desemprego a todos os "moedinhas" para que não lhes falte
nada, droga e cerveja incluídas, o Dr. Soares, O Dr. Arnaut, o Poeta Alegre e
por aí fora, acham que é dever da Alemanha, eventualmente da Finlândia, da
Áustria e outras pátrias mesquinhas, fazê-lo, em nome da solidariedade europeia
e da ética republicana.
Não fosse o facto do senhor Selassie ser um dos braços
armados de quem nos está a emprestar dinheiro para comer, depois de termos
esgotado de todo o crédito internacional, já teria levado uma corrida em pelo pela
sua impertinência. Mas não perde pela demora: quando o Governo cair, tal como diariamente
pede o Marocas, politiqueiro de alto coturno e socialista contumaz, vem por aí
o Zezito e vai ser um vê se te avias—Deus seja louvado!
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