quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

BOUBA-QUIQUI


As línguas nasceram da necessidade de comunicar, está mais que visto. Começaram por ser sons convencionais emitidos pela humanidade para identificar objectos e conceitos. Evoluíram depois, e continuam a evoluir, para melhorar a qualidade da comunicação.
Os primeiros sons convencionais surgiram de forma aleatória admite-se, mas pode não ter sido assim. Há provavelmente tendência genética para associar sons a formas e conceitos específicos. Num estudo simples isso pode ser confirmado e está feito. A um grupo de cidadãos mostram-se duas figuras, sendo uma angulosa e feita de rectas e outra arredondada, sem ângulos. Depois dá-se duas palavras sem nenhum significado, que podem ser  "Bouba" ou "Quiqui", e pede-se para as usarem nas duas figuras referidas. Percentagem significativa escolhe "Bouba" para a figura arredondada e "Quiqui" para a angulosa.
Porquê? Pela mesma razão que associamos o ruído do trovão à pessoa gorda e não à magra, e o assobio à magra e não à gorda. A mente atribui qualidades sonoras às formas e conceitos abstractos, aparentemente.
Com patrimónios genéticos diferentes, pode especular-se que as formas de associação são elas também diferentes e daí a variedade sonora de idiomas e mesmo sotaques. Não se refere isto à estrutura específica da língua, mas antes à entoação geral. Não foi uma ou duas vezes que, falando em grupo com portugueses no estrangeiro, nos perguntavam se éramos russos. Pessoas que naturalmente não conheciam as duas línguas, mas conheciam a "música" e esta seria parecida para elas.
Curiosamente, o teste "Bouba-Quiqui" funciona em populações com línguas totalmente diferentes, o que significa que há uma tendência genética comum, eventualmente parcial, na associação conceito/som.

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