As línguas nasceram da necessidade de comunicar, está mais que visto. Começaram por ser sons convencionais emitidos pela humanidade para identificar objectos e conceitos. Evoluíram depois, e continuam a evoluir, para melhorar a qualidade da comunicação.
Os primeiros sons
convencionais surgiram de forma aleatória admite-se, mas pode não ter sido
assim. Há provavelmente tendência genética para associar sons a formas e
conceitos específicos. Num estudo simples isso pode ser confirmado e está feito.
A um grupo de cidadãos mostram-se duas figuras, sendo uma angulosa e feita de
rectas e outra arredondada, sem ângulos. Depois dá-se duas palavras sem nenhum
significado, que podem ser
"Bouba" ou "Quiqui", e pede-se para as usarem nas
duas figuras referidas. Percentagem significativa escolhe "Bouba"
para a figura arredondada e "Quiqui" para a angulosa.
Porquê? Pela
mesma razão que associamos o ruído do trovão à pessoa gorda e não à magra, e o
assobio à magra e não à gorda. A mente atribui qualidades sonoras às formas e
conceitos abstractos, aparentemente.
Com patrimónios
genéticos diferentes, pode especular-se que as formas de associação são elas
também diferentes e daí a variedade sonora de idiomas e mesmo sotaques. Não se
refere isto à estrutura específica da língua, mas antes à entoação geral. Não foi
uma ou duas vezes que, falando em grupo com portugueses no estrangeiro, nos
perguntavam se éramos russos. Pessoas que naturalmente não conheciam as duas línguas,
mas conheciam a "música" e esta seria parecida para elas.
Curiosamente, o teste "Bouba-Quiqui" funciona
em populações com línguas totalmente diferentes, o que significa que há uma
tendência genética comum, eventualmente parcial, na associação conceito/som.
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