Fritz Houtermans foi um físico nascido em 1903 perto do que era no tempo o porto alemão de Danzig, actualmente Gdansk, na Polónia. Filho de mãe judia, não apreciava anedotas sobre judeus, uma tradição do humor na Europa da época. Quando ouvia alguma, costumava dizer aos espirituosos: Quando os vossos antepassados ainda andavam a trepar às árvores, os meus já falsificavam cheques. Tinha humor também e foi um cientista notável.
Depois de Rutherford ter descoberto a estrutura dos átomos,
constituídos por um núcleo com protões de carga eléctrica positiva e por
neutrões sem carga, núcleo à volta do qual gravitam electrões de carga
negativa e número igual aos protões do núcleo, e depois de se perceber que os
núcleos podiam sofrer fissões e fusões, Houtermans chegou à prova de que a
energia do Sol e das outras estrelas é gerada pela fusão de átomos de
hidrogénio para formar hélio.
Um quilograma de hidrogénio pode originar 0,993 quilogramas
de hélio. O resto da massa é transformada em energia. É pouco? É muito pouca
massa, mas muita energia porque, segundo a célebre equação de Einstein (E = m x c^2),
7 miligramas de massa dão 6,3 x 10^14 joules de energia, o equivalente à
combustão de 100.000 tonelada de carvão. Parece mentira, mas não é.
Agora pense-se que no Sol, em cada segundo—cada segundo,
repare-se—584 milhões de toneladas de hidrogénio são convertidas em 580 milhões
de toneladas de hélio, sendo 4 milhões de toneladas de massa convertidas em
energia segundo a fórmula de Einstein. É de ficar com os miolos em água—a
ferver, acrescento.
E quando acaba isso? Vai acabar um dia. Mas ainda lá há
muito hidrogénio:
20.000.000.000.000.000.000.000.000.000 de toneladas, diz quem sabe! Estamos
garantidos para cerca de 5 mil milhões de anos! Deve chegar.
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