Anselmo Borges escreve hoje no "Diário de
Notícias" sobre um livro que tem o título "As Leis Fundamentais da
Estupidez Humana" e que começa por definir esta, por exclusão de partes. O
indivíduo que nos causa prejuízo, mas tem benefício com isso é bandido, não
estúpido; o que nos beneficia e se prejudica é imbecil; o que todos beneficia é
inteligente; o que molesta toda a gente sem ganhar nada com tal comportamento é
estúpido. Aí está.
Depois vêm as leis da estupidez propriamente ditas. A
primeira diz que cada um subestima sempre o número de estúpidos do universo; a
segunda que a probabilidade de uma criatura ser estúpida não depende de nenhuma
outra característica, pois há-os em todas as classes; a terceira consiste na
própria essência da estupidez, ou seja, o estúpido causa mal sem beneficiar; a
quarta postula que os não estúpidos avaliam mal o potencial destruidor dos
estúpidos; a quinta diz ser o estúpido o indivíduo mais perigoso para a
sociedade e tem um corolário que Anselmo Borges diz ser: o estúpido é mais
perigoso que o bandido. E acrescenta:
"De facto,
se a sociedade fosse constituída por bandidos, apenas estagnaria: a
economia limitar-se-ia a enormes
transferências de riquezas e de bem-estar a favor dos que assim agem, mas de
tal modo que, se todos os membros da sociedade agissem dessa maneira, a
sociedade no seu conjunto e os indivíduos encontrar-se-iam numa situação perfeitamente estável,
excluindo toda a mudança. Porém, quando
entram em jogo os estúpidos, tudo muda: uma vez que causam perdas aos
outros, sem ganhos pessoais, a
sociedade no seu conjunto empobrece.
A capacidade
devastadora do estúpido está ligada, evidentemente, à posição de poder
que ocupa. Entre os burocratas, os
generais, os políticos e os chefes de Estado, é fácil encontrar exemplos
impressionantes de indivíduos fundamentalmente estúpidos, cuja capacidade de
prejudicar é ou se tornou muito mais temível devido à posição de poder que
ocupam ou ocupavam. Blá, blá, blá.
Chegado aqui, tive um clarão de compreensão—quase uma supernova;
mais que uma supernova—uma galáxia feita só de supernovae: Anselmo Borges
estava a falar de situações concretas, não a especular no reino da abstracção.
Veja o leitor se consegue perceber em quem estava ele a
pensar. Sei que é difícil mas, concentrando-se, vai lá!
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