O homem deixa de ser iniciado em qualquer ciência e passa
a ser mestre quando aprende que vai ser um iniciado toda vida. Isto disse Robin
Collingwood, filósofo inglês falecido em 1943, e disse bem. Conhecimento é coisa
relativa―maior ou menor que uma bitola, mas sempre pequeno.
A noção da dimensão exígua do saber humano, ironicamente,
vai sendo mais evidente com o crescimento deste. Sócrates terá sido o pioneiro
de tal ponto de vista ao dizer que o seu conhecimento se esgotava no saber que sabia
nada. Sócrates era um sábio, dentro dos parâmetros da época, mas ignorava o que
aí vinha―coisas como a relatividade, o Big-Bang, a Mecânica Quântica, a Teoria
das Cordas e por aí fora, para referir apenas algumas das mais recentes.
A pergunta é: estaria Sócrates mais convicto de que sabia
alguma coisa se soubesse que a matéria prima de tudo serão pequenas cordas vibráteis
de energia, todas iguais, apenas com padrões vibratórios diferentes?
Não estava. Ninguém está. Em boa verdade, como dizia Collingwood
por outras palavras, quanto mais se escava, maior é o buraco e mais escuro fica.
Suspeito que nunca se chegará ao fundo do dito buraco e, ao contrário do que
pensa Hawking, ontem aqui citado, restará sempre espaço para a Filosofia.
Não estou a afirmar que alguma vez sejamos esclarecidos
pela Filosofia sobre matéria substantiva do universo, da religião, do que é ser
homem, ou do que quer que seja desse tipo. A Filosofia, quando não é um simples
jogo de palavras, ou um conjunto de abstracções discutíveis, se não mesmo impenetráveis,
é um excelente exercício mental com forte conteúdo estético. Não esclarece, mas
ajuda a posicionar-nos no mundo: talvez a vivermos confortáveis com o que não
sabemos. Acho isso!
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