Os primeiros livros impressos tê-lo-ão sido em 868 AD, na China, inventora do papel. A imagem do texto era talhada—baixo-relevo—em madeira, corada com tinta e aplicada sobre papel. O sistema era caro, demorado, muito trabalhoso—exigia paciência de chinês—os blocos de madeira duravam pouco e só serviam para o preciso livro em cuja impressão eram usados.
Cerca de 1234, os coreanos começaram a usar blocos
metálicos para o efeito. Eram mais duradouros e fáceis de trabalhar, mas com o
inconveniente de também só servirem para um texto.
Quase dois séculos depois, nasceu Gutenberg—no ano de 1400—que
viria a dar a grande volta ao problema. Gutenberg era ourives e joalheiro,
imaginativo e criativo, complicado e conflituoso, mais crava que o Zezito e mais
caloteiro que Mário Soares. Mas tinha pinta!
Percebeu que estar a imprimir páginas inteiras com um
bloco para cada página era uma burrice. Criou uma liga metálica fácil de
trabalhar e resistente ao uso e não fez páginas, frases, ou palavras: fez
letras, como as da massa da sopa das ditas. Isto é, o tipógrafo escrevia os
textos manualmente, letra a letra—como viria mais tarde a ser feito com as
máquinas de escrever—e, depois da impressão, os caracteres voltavam à caixa e
ficavam prontos para outro livro, pasquim, cartaz da Margarina Vaqueiro, ou o que
quer que fosse, incluindo artigos do Dr. Mário Soares, já referido neste documento!
O primeiro livro feito por Gutenberg foi a "Ars Grammatica",
de Aelius Donatus. Mas a grande
obra viria a ser uma Bíblia—duzentos exemplares em dois volumes—posta à venda
na Feira do Livro de Frankfurt de 1455. Custava o equivalente ao salário de vários
anos dos indígenas, mas foi um sucesso.
A invenção de Gutenberg mudou o mundo, ao permitir
divulgar o saber na Renascença, blá, blá, blá. Mas há um aspecto importante e frequentemente
esquecido, qual é a uniformidade dos textos a circular. Antes, com os livros
manuscritos, havia erros dos copistas e, por vezes, as pessoas estavam a falar
de coisas diferentes lidas no "mesmo" livro. A invenção de Gutenberg
reduziu esse problema ao mínimo. Foi um grande homem: o Bill Gates do Século XV; ou antes, Bill Gates é o Gutenberg do Século XXI—morreu
em 1468 (o Gutenberg, salvo seja).
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