Três quartos da
cavidade abdominal estão
preenchidos por líquido avermelhado e turvo. O fígado está reduzido a metade do
volume, é compacto, de cor azul esverdeada e com a superfície coberta de
nódulos do tamanho de feijões. O baço está muito aumentado de volume, tal como
o pâncreas. Os rins também estão afectados...
O citado é um fragmento do relatório da autópsia de
Ludwig van Beethoven. Segundo o Dr. Frédéric Maître, do Instituto Médico-Legal
de Paris, os sinais referidos são típicos da fase terminal da cirrose hepática nodular
observada nos alcoólicos.
Exames de cabelos e ossos do compositor, realizados uma
dezena de anos depois da morte, revelaram também intoxicação pelo chumbo. "Embora
este possa ter vindo de outras fontes, no caso de Beethoven a mais provável foi
o vinho", escrevem especialistas da Sociedade Americana de
Otorrinolaringologia que estudaram a surdez do músico, desencadeada pelo
chumbo. Beethoven apreciava desde jovem a pinga—começou aos 17 anos depois da
morte da mãe—e bebia muito vinho da
Hungria feito "a martelo". Já na fase terminal da doença, escrevia ao
barão Johan Pasqualati a agradecer uma oferta de Champagne, referindo que o
bebia com a convicção de que iria ajudar a recuperar a saúde!.
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