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Um maquinista da Renfe, cujo único trabalho nos comboios
consiste em controlar a velocidade, que pode variar entre 0 e mais de 200 km
por hora, entrou numa curva a 190 km/h, depois de ter recebido―em devido tempo―avisos
para começar a abrandar, pois aproximava-se uma curva onde devia entrar a 80
km/h. O comboio descarrilou, morreram dezenas de pessoas e muitas mais ficaram
feridas, algumas com gravidade.
O referido maquinista era um corredor de comboio,
integralmente psicopata, como há mais sobre carris, nas estradas, na água,
provavelmente no ar. No Facebook registou algumas das suas façanhas em que
confessava o desrespeito pelas normas de segurança, de que se vangloriava,
publicando mesmo fotografias dos velocímetros das locomotivas, com o cuidado de
prevenir quem o lia que não havia truques nas imagens. Fica-se com a convicção
que abordou a curva da forma como o fez, conscientemente, para juntar mais um
troféu às burrices alarves que tinha no currículo e publicar no dia seguinte ter
“feito” aquela precisa curva a 190 km/h―já a tinha “feito” cerca de 60 vezes e,
consequentemente, o problema não foi ignorância da dificuldade.
Não me admira isto porque há gente assim em todas as
profissões. Admira-me, sim, que a Renfe não lhe tenha dado uma corrida em pelo,
antes de ele matar cerca de 80 pessoas e deixar muitas mais marcadas para o
resto da vida. As conversas e imagens no Facebook eram comentadas por colegas e
é difícil admitir que responsáveis da companhia ferroviária não as conhecessem.
Serve isto para dizer que a responsabilidade da tragédia
não se esgota num homem que nunca devia ter passado de condutor de carrinhos de
mão. Os superiores técnicos da criatura em causa têm de explicar, muito bem
explicado, o que andava aquele energúmeno a fazer no comando de um comboio de
grande velocidade.
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