Tozé deu uma entrevista à revista “Visão” e fartou-se de
falar. Não aos costumes―expressão de juristas―mas como de costume, disse pouco,
embora falando muito. Está cheio de speed, apesar de não se enxergar porquê.
Uma das melhores saídas foi a de que está convicto ter
sabido "resistir a pressões internas e externas, durante o processo negocial com
os partidos do Governo". Teve algumas insónias e muitos pesadelos protagonizados
pelo Dr. Soares, pelo poeta Alegre, pela tralha socrática e pelos fósseis da
primeira república do PS, mas sobreviveu politicamente porque recolheu a cauda entre
os membros inferiores e, um belo dia, de supetão, borregou. Não resistiu coisa
nenhuma.
“Os portugueses desejavam um entendimento entre o PS e o
Governo”, diz às tantas, num assomo paroxístico de sinceridade e lucidez. Só
que não tinha autorização sequer para tentar, sabemos nós. Por vontade de quem
o travou, nem tinha mandado Alberto Martins às conversações, com o que
correu grande risco no partido.
Tozé está consciente da gravidade da situação, percebe-se
claramente da conversa, sobretudo quando diz que “ou nos salvamos todos ou não
se salva ninguém”. É mesmo isso, camarada. Mas, para nos salvarmos, é
necessário que todas as bestas de tiro envolvidas puxem o arado para a frente,
deixando por uns instantes de lado divergências medíocres e mesquinhas que as
separam. É que há bestas a puxar em todos os azimutes e assim não vamos a
nenhum lado.
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