segunda-feira, 29 de julho de 2013

O VIÉS DAS PISTOLAS


Em 26 de Fevereiro, Trayvon Martin, um jovem negro de 17 anos, foi abatido a tiro na Florida por George Zimmerman que efectuava  rondas de segurança no seu bairro. O jovem parece que telefonava a uma amiga e tinha consigo um pacote de bombons  e uma embalagem de chá congelado.  Zimmerman alega que actuou em legítima defesa, o que não está agora em discussão, nem interessa para o que segue.
Serve esta introdução para dizer o seguinte: estar na posse duma arma, sobretudo se se empunha a dita, cria um viés no portador que aumenta a probabilidade de interpretar mal o que vê e tomar objectos banais por armas. Acontece frequentemente com polícias que matam pessoas porque elas têm na mão um telefone, uma escova, uma garrafa, ou outro objecto inofensivo.
Dir-se-á que é o stress psíquico da situação que provova tais acções, e não a o facto de se empunhar uma arma, mas parece que não é assim. A posse da arma é o principal factor responsável. Está estudado em laboratório.
Com voluntários à margem do problema, até sem saberem em que consiste o estudo, num computador é feito um jogo em que se pode disparar uma arma mortal sobre figuras que se sucedem e empunham, umas armas, outras objectos inofensivos. No fim conta-se o número de erros. Paralelamente, com outras pessoas repete-se a cena, mas com a informação de que a arma usada não mata, pois é só simulada. No fim contam-se também os erros.
A repetição dos testes mostra que quem empunha a arma alegadamente mortal comete sempre, ou quase sempre, mais erros. Isto é, o estar armado aumenta a convicção de que o outro também está e, consequentemente, a probabilidade de fazer asneira.
Não há muito tempo, veio nos jornais a história de um senhor que terá disparado sobre o genro, ou coisa parecida, matando-o, porque suspeitou que ele tinha metido a mão no bolso para sacar uma arma. Provavelmente, se ele próprio não estivesse armado, não tinha pensado assim.
Moralidade da história: que tem armas potencialmente mortais, o melhor a fazer é desfazer-se delas—COM URGÊNCIA!
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