quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

O PÃO NOSSO

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Há 23 mil anos, os povos de onde é hoje Israel e a Síria tinham-se tornado nutricionalmente dependentes de bolotas, grãos de leguminosas e sementes; além de peixes e algumas aves. No sítio  arqueológico de Ohalo II, agora quase sempre submerso pelo lago Kinneret (Mar da Galileia), acharam-se vestígios do uso de cereais selvagens na alimentação, muito antes  do início da agricultura. Ali foi encontrada uma pedra plana com  grãos microscópicos de farinha de semente de cevada na superfície, claramente moída para ser cozinhada. E, perto do local, existe o que parece um forno de pedra para cozer pão. A moagem de cereais e a sua cocção duplicavam  a energia que deles era extraída. Isto cerca de 12 ou 13 mil anos antes da agricultura ter início—o pão é mais antigo que ela e daí, provavelmente, o seu papel simbólico na alimentação.
Significa o referido que aqueles povos se aperceberam da vantagem dos cereais moídos e cozinhados, muito antes de se dedicarem ao penoso cultivo  do trigo, do centeio e da cevada. A árdua e difícil domesticação dos alimentos só teve início por força da necessidade, sendo objecto de grande relutância dos nossos antepassados. Porquê passar meses a cuidar dos campos, quando em algumas horas podiam colher cereais selvagens? Seria estúpido e eles não eram parvos. Mas a natureza obrigou-os a dobrar a espinha, a lavrar, a semear e colher. Foi o início das dificuldades da vida moderna. Começaram assim e acabaram em várias  horas diárias numa oficina, num escritório, numa fábrica, num tractor, ao volante de um camião, rebabá. É a vida. Mas, naquele tempo, não tinham de aturar as jericadas do Passos Coelho e do Portas! Óh égua—que maravilha!
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