Há 23 mil anos, os povos de onde é hoje Israel e a Síria
tinham-se tornado nutricionalmente dependentes de bolotas, grãos de leguminosas
e sementes; além de peixes e algumas aves. No sítio arqueológico de Ohalo II, agora quase sempre submerso
pelo lago Kinneret (Mar da Galileia), acharam-se vestígios do uso de
cereais selvagens na alimentação, muito antes do início da agricultura. Ali foi encontrada
uma pedra plana com grãos microscópicos de farinha de
semente de cevada na superfície, claramente moída para ser cozinhada. E, perto do local, existe
o que parece um forno de pedra para cozer pão. A moagem de cereais e a sua
cocção duplicavam a energia que deles
era extraída. Isto cerca de 12 ou 13 mil anos antes da agricultura ter início—o
pão é mais antigo que ela e daí, provavelmente, o seu papel simbólico na
alimentação.
Significa o referido que aqueles povos se aperceberam da
vantagem dos cereais moídos e cozinhados, muito antes de se dedicarem ao penoso
cultivo do trigo, do centeio e da
cevada. A árdua e difícil domesticação dos alimentos só teve início por força
da necessidade, sendo objecto de grande relutância dos nossos
antepassados. Porquê passar meses a cuidar dos campos, quando em algumas horas podiam colher cereais selvagens? Seria estúpido e eles não eram parvos. Mas
a natureza obrigou-os a dobrar a espinha, a lavrar, a semear e colher. Foi o
início das dificuldades da vida moderna. Começaram assim e
acabaram em várias horas diárias numa
oficina, num escritório, numa fábrica, num tractor, ao volante de um camião,
rebabá. É a vida. Mas, naquele tempo, não tinham de aturar as jericadas do
Passos Coelho e do Portas! Óh égua—que maravilha!
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