O médico canadiano William Osler disse um dia: "Em
ciência, o mérito vai para a pessoa que convenceu o mundo, não para a que teve
primeiro a ideia". Em 1858, o matemático alemão Möbius descobriu a banda que tem o seu nome,
simultaneamente com outro matemático alemão, Johann Benedict Listing, que
ninguém sabe quem é. Newton—um sacana!—desenvolveu o cálculo, ao mesmo tempo que,
e independentemente de Wilhelm Leibniz e
ficou com os louros do feito. Charles Darwin concebeu a Teoria da Evolução pela
selecção natural ao mesmo tempo que Alfred Russel Wallace, e este é menos conhecido
que Boaventura Sousa Santos. O húngaro
Janes Bolyai e o russo Nikolai Lobachevsky conceberam a Geometria Hiperbólica (gostava
de saber o que é) na mesma época e só o primeiro é famoso. Porquê isto? Porque
os famosos convenceram o mundo. Mas também apararam os ataques da sociedade,
como Darwin.
Em boa verdade, o que impressiona nestes casos é o facto
de, em matérias tão complicadas, haver mais de uma pessoa a tratar delas em
simultâneo, sem saber que há outros a fazer o mesmo. Não tem explicação, especialmente
nas épocas em que aconteceram. Hoje há a rádio, a televisão, a Net, o correio
electrónico, o site arXiv.org, rebabá, e é mais fácil saber o que andam a fazer
alguns janotas lá por Silicon Valley ou Harvard e meter o nariz nos assuntos
deles. Mas, há um ou dois séculos, parece bruxedo!...
Só Mark Twain, com o sentido prático conhecido, foi capaz de
explicar o fenómeno. Dizia ele que, quando chega o tempo do barco a vapor, o
homem vaporiza. Tal e qual—fica explicado!
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